Gagueira: o que realmente acontece?

Uma fala contínua e suave assegura uma comunicação mais efetiva e eficiente. No entanto, todos, em algum momento da vida, já utilizou disfluências durante a narrativa, muitas vezes, de forma natural e despercebida, tais como: “né, hum, aí, daí, tipo assim,”, etc.

Estas, são denominadas disfluências comuns e não são um fator considerado limitante para comunicação, diferente das disfluências gagas que são caracterizadas por descontinuidade, alteração na velocidade e esforço motor para falar, o que configura em sucessivas tentativas de retomada do discurso.

Diante do convívio com indivíduos que apresentam disfluência gaga, é primordial oferecer e transformar o ambiente de interação em um local seguro, calmo e confortável, de modo que eles consigam desenvolver seus discursos, sejam realmente ouvidos e validados, independente do tempo que levem para concluírem suas sentenças.

Por isso, é fundamental manter o contato visual durante todo o tempo, não interromper, corrigir ou completar suas frases. Adotar um padrão de fala mais suave e utilizar um vocabulário conhecido.

Optar por realizar atividades que favoreçam sua fluência, como música, ritmos diferentes. Auxiliar no desenvolvimento de sua autonomia, para que adquira autoconfiança.

O olhar atento de empresas, escola e familiares para tais orientações, faz toda diferença, uma vez que, por vezes, a pessoa com a disfluência pode vir a desencadear um comportamento evitativo comunicacional, ou seja, prefere não participar de momentos de conversas ou exposição pelo medo da falha, constrangimento, frustação de não conseguir se expressar de forma contínua e receio de não ser compreendido.

Tudo isso culmina em um comprometimento nas suas relações sociais se tornando um agravante importante, que pode trazer consequências emocionais e psicológicas.

O tratamento quando precoce e bem alinhado com profissionais especializados oferece um bom prognóstico.

Millena de Castro Borges

Fonoaudióloga | CRFa: 6-11834